Proibido Amar

Preconceito e repressão são temas abordados por Proibido Amar.

Espectáculo impactante acompanha trajetória de três homens colocados em quarentena após contracção de vírus que dizimou 33% da população.

Após um vírus contaminar 33% da população humana, um Estado fictício, que exerce o seu poder sobre a população, opta por separar em quarentena as pessoas consideradas como “grupo de risco”. Segundo os organizadores deste campo de contenção, os segregados passariam por uma bateria de exames para saber se estão ou não aptos para viver em sociedade. Ares, Eros e Apolo, três das vítimas, são retratados no espetáculo Proibido Amar.

Em 2023 ainda existem cerca de 70 países que proíbem o relacionamento homoafectivo e muitos outros que mantém leis que segregam. Na segunda guerra mundial o símbolo do triângulo rosa era usado para caracterizar homossexuais nos campos de concentração. É nestes factos que o texto de Rafael Salmona se inspira para criar uma espécie de fábula distópica mas muito conectada à realidade contemporânea.

Na peça, um vírus que se alastra rapidamente pela sociedade, transmitido pelo toque e por relações sexuais, remete ao HIV e às punições e acusações previstas para os seus portadores, direccionam a temática da peça para a discussão sobre o preconceito e a desinformação. Na peça três jovens são submetidos a uma quarentena, e enfrentam-se numa espécie de jogo sádico de onde podem não sair vivos. A peça documenta os dias vividos nessa triagem estreitando as relações entre o público e a ficção.

Ares, Eros e Apolo são colocados em situações de forte stress e pressão. O encarceramento coloca em choque as suas vivências e padrões de vida a partir de uma característica principal que os une: foram infectados com uma suposta doença contagiosa denominada Proibido Amar. Nesta situação limite eles vão destrinchando conflitos e aos poucos revelam quem verdadeiramente são.

A partir dessas possibilidades de criação, “Proibido Amar” visa criar uma perspectiva que fuja de doutrinas, tratando de assuntos como preconceito, repressão, amor, ódio, dilemas familiares e descobertas sexuais. Relacionando temas reais numa metalinguagem onde leva ao espectador a diversas possibilidades de reflexão. Esses temas usados como premissa para o espectáculo foram baseados em acontecimentos reais, incluindo depoimentos de vítimas de doenças virais e de pessoas repreendidas pela orientação sexual. Possibilitando a aproximação desses assuntos do público e fazendo-o mesmo um elemento presente no contexto do espetáculo.

Sobre as personagens:

Ares – Explosivo e enlouquecido, é aquele que está a todo tempo tentando descobrir os limites das pessoas que estão à sua volta.

Eros – É um rejeitado pela família, pois é filho de um dos maiores chefes do Estado. Apaixona-se por Apolo e, apesar da fragilidade, demonstra ser o mais racional dos personagens.

Apolo – Quer mostrar que é forte, mas mostra-se ser uma grande vítima da situação instaurada. Sua história carrega a pena de ter visto seu grande amor ter sido morto pelo Estado.